Neste mês de maio faz 122 anos que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea que libertou definitivamente os escravos no Brasil Império. Neste texto vamos falar um pouco sobre este acontecimento com tópicos não muito divulgados desta época escura da História de nosso país. Em início veremos um pouco sobre Joaquim Nabuco, o verdadeiro libertador dos escravos negros, em seguida, o importante papel da Maçonaria na realização deste fato histórico, e por fim, uma crônica criticando o libertos "sem seguro" depois de 1888.
Joaquim Nabuco, o abolicionista
Neste ano de 2010, Joaquim Nabuco que foi Estadista, historiador, jurista, diplomata e segundo alguns sedutor (as mulheres não resistiam a Nabuco) completa 100 anos de sua morte (nasceu em Recife em 19 de agosto de 1849 — Washington, 17 de janeiro de 1910).
Suas lutas partiram da Educação, Reforma Agrária (já na época do Império), a especulação financeira e ainda foi um sedutor incorrigível, dizem até que a princesa Isabel caiu nas suas garras.
Contudo, sua grande luta foi a Libertação dos escravos. Ele que foi o verdadeiro arquiteto do abolicionismo – e não a Princesa Isabel como se ensina nas escolas –, apesar de ter sido educado por uma família escravocrata é um dos maiores heróis brasileiros, filho do Senador José Tomás Nabuco de Araújo e de Ana Benigna Barreto Nabuco de Araújo, estudou humanidades no Colégio Pedro II, bacharelou-se em letras (foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras – 1896). Em 1865, em São Paulo fez três anos de Direito e formou-se no Recife, em 1870. Foi adido de primeira classe em Londres, depois em Washington de 1876 a 1879.
Joaquim Nabuco se opôs de maneira intensa à escravidão, lutou tanto por meio de suas atividades políticas, quanto pelos seus escritos, sendo seus principais textos:
Um Estadista do Império, biografia do pai e
Minha Formação, obra clássica da literatura brasileira, quando viajou pela Europa em 1883 publicou O
Abolicionismo em Londres. Era um monarquista esclarecido, escreveu até contra D. Pedro II com panfletário
O Erro do Imperador.
Era um monarquista, contudo sua posição política mesclava-se à sua postura abolicionista, criticava a sociedade escravocrata, fez campanha contra a escravidão na Câmara dos Deputados em 1878 e fundou a Sociedade Antiescravidão Brasileira, sendo responsável, em grande parte, pela Abolição em 1888. Para Nabuco, a abolição da escravatura, não deveria ser feita de forma violenta, e sim segura e consciente. Em 1880 fundou a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão.
Por 328 anos (de 1560 a 1888), os escravos foram oprimidos no Brasil, e duraria por muito mais tempo se não fosse o Abolicionismo. Nabuco no movimento abolicionista lutou de forma ativa, ainda mais ao perceber que o quadro político da época estava “triste e degradante”: o governo se afundava, as autoridades subornáveis, os partidos rebaixados e desleais, as leis dominadas, a justiça vendida, o Parlamento sem voz, a igreja deixava-se levar por oportunistas.
A maçonaria e a libertação dos escravos
A libertação dos escravos no Brasil foi uma iniciativa dos maçons. A participação da Maçonaria na Lei Áurea, da libertação dos escravos, não foi um ato repentino, e sim precedida de outras leis, como a do Ventre Livre, da não separação familiar, a lei Saraiva-Cotegipe ou dos Sexagenários que beneficiava os negros com mais de 65 anos e etc., foram feitos anônimos da Maçonaria, que precedia a situação que ocasionaria economicamente a liberação da força de trabalho do negro, assim como a mais valia que representava então, sobretudo nas grandes fazendas de café, para a implantação da República.
Dentre muitos se destacaram Visconde de Rio Branco, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Eusébio de Queiroz, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Cristiano Otoni, Castro Alves, e muitos outros.
Com a Revolução Industrial Inglesa do século XVIII, abriu terreno para o avanço do capitalismo. Originou-se a produção industrial, onde boa parte de seus proprietários eram maçons. Influenciados pelos maçons ingleses, os brasileiros defendia a libertação dos escravos, pois a visão capitalista exigia o consumo, e o Brasil, como ainda vivia um regime escravocrata não era interessante para os ingleses e capitalistas em geral. Na Europa, para se ter uma idéia, nuca aconteceu o comércio de escravos.
Dom Pedro II, que era maçom, se viu em uma situação delicada. Ou tomava uma atitude contra a escravidão ou entraria em guerra contra a Inglaterra. Assim, em 1850, foi aprovada a lei Eusébio de Queirós pelo próprio Ministro da Justiça Eusébio de Queirós, a qual proibia o tráfico negreiro no Brasil.
Mas a igreja, que era beneficiada pelos senhores de escravo, foi contra a libertação dos negros, tanto que em 1872, D. Vital e D. Macedo, bispos de Olinda e de Belém, respectivamente, seguiram ordens do papa Pio IX, puniram com a excomunhão, religiosos que apoiavam os maçons (membros da maçonaria). Foi até divulgado, por padres maçons, um manifesto em que reafirmavam a compatibilidade entre a atividade religiosa e a Maçonaria.
Enfim, a Abolição da Escravatura em 13 de maio de 1888, graças à Maçonaria, através da Lei Áurea, finalmente foi alcançada pelos negros no Brasil e comemorada por sete dias.
Salteadores de 88
Por Antonio César
Depois de 88, o que eles podiam fazer se não tinham algum tipo de ajuda. Eram rejeitados. Foram literalmente jogados ao mundo. Conhecidos como facinorosos, perambulavam pelo sertão. Eu estive seguindo um bando desses por alguns anos. Nunca perceberam minha presença, ainda bem. Foram anos distorcidos aqueles que passei seguindo os salteadores. Pareciam que estavam se vingando depois de mais de 300 anos de serviços forçados. O Nordeste jamais teria cangaceiros se não fosse esses homens andar por essas terras depois da “liberdade”.
Primeiro foram as moças brancas, eram violadas sem o mínimo de pena. Só podia ser vingança, não consigo imaginar outra coisa. Mas elas eram inocentes, não tinham nada a ver com que seus pais, avôs, bisavôs ou o que seja fizeram no passado. – a gente não paga pelo Pecado original até hoje? – dizia um deles. – Mas elas eram inocentes. – A gente também era. – É a vida não é justa mesmo! Paga quem é inocente. Quem é culpado também.
A maior diversão dos salteadores era quando enforcavam nos ramos das árvores, homens ricos. Até eu fazia torcida quando isso acontecia. Parecida sadismo, mas não era. Isso me lembra Saddam Hussein. Aquele povo se acha o dono da palavra de deus, com d minúsculo mesmo – tem tantos deuses por aí que tenho de generalizar. Então, esse povo aí, o defende, dizem que “sua morte foi uma violação dos direitos humanos”. Direitos humanos? Por que não falam contra os milhões, talvez bilhões de escravos que existem hoje na Ásia? Hoje, em pleno século XXI. Direitos humanos...
Eu defenderia os libertos que assolavam o sertão até meu último suspiro, mas este povo aí, não. Talvez se me pagassem uns 99% de sua fortuna, que sabe?...
Antes de 88, sofriam tortura das mais diversas. Não eram tratados como animais. Animais não são amarrados ao tronco de uma árvore e depois açoitados por horas, sendo repetido isto por dias. Animais não sofrem palmatória – sabia que originalmente a palmatória era castigo para escravos? Eram tratados muito pior que animais. Você castiga seu animal? Tenho certeza que não.
Os salteadores, deveria ter resistido até os dias atuais, deveriam infernizar a vida calma e pacata daqueles que se aproveitam da inocência de humanos que apenas querem viver.