Vamos começar uma pequena série neste blog com algumas dicas –
comprovadas pela ciência e recomendadas por especialistas – para ajudar
você a cumprir aquelas promessas que listou no Ano-Novo. O primeiro
objetivo será algo que, se não estiver na lista da maior parte das
pessoas, pelo menos vai ajudá-las a cumprir outras promessas: parar de adiar as coisas – ou, para ser mais exata, acabar com a procrastinação.
Por Ana Carolina Prado (SuperInteressante)
“Tabulando inúmeras pesquisas, cerca de 95% pessoas admitem adiar as
coisas, com cerca de 25% delas indicando que essa é uma característica
crônica, definidora de sua personalidade”, diz o pesquisador Piers
Steel, um dos mais famosos especialistas no tema, em seu livro “A
equação de deixar para depois”. Para esse trabalho, ele analisou mais de
800 artigos científicos sobre a procrastinação e desenvolveu sua
própria pesquisa, o que o ajudou a chegar tanto ao motivo por que
adiamos as coisas quanto a métodos que podemos usar para diminuir esse
hábito.
No geral, existe um fator que ajuda a explicar por que fazemos isso. Há quem acredite que tem a ver com o perfeccionismo:
a pessoa, ansiosa demais em tentar fazer um trabalho perfeito, acabaria
protelando indefinidamente achando que, em outra ocasião, teria
condições mais adequadas para realizá-lo. Embora possa confortar os
procrastinadores (afinal, o perfeccionismo é muitas vezes uma daquelas
características que as pessoas adoram usar quando perguntam qual o seu
maior ‘defeito’), isso não é verdade.
Dos milhares de procrastinadores já estudados, apenas um grupo ínfimo
mostrou ser perfeccionista. Na verdade, o psicólogo e terapeuta Robert
Slaney, criador de uma escala para medir o perfeccionismo, descobriu que
essas pessoas tinham menos probabilidade de adiar do que os
não-perfeccionistas, e não mais. Por que é que eles levaram a fama,
então? Segundo Steel, é simples: os perfeccionistas que adiam as coisas
têm mais probabilidade de procurar a ajuda de um terapeuta (já que se
tendem a se sentir pior com os efeitos dos atrasos) e, assim, acabam
aparecendo mais vezes nas pesquisas clínicas sobre adiamentos. Já os
proteladores não perfeccionistas são menos propensos a procurar ajuda
profissional.
Ok, mas se a razão não é o perfeccionismo, qual seria, então? Piers Steel responde:
“Trinta anos de estudos e centenas de pesquisas isolaram várias características de personalidade que servem para prever protelações, mas uma delas de destaca (…): a impulsividade, isto é, viver impacientemente o momento e querer tudo de imediato. Demonstrar autocontrole ou adiar uma recompensa é difícil para as pessoas impulsivas.”
Algumas tarefas causam ansiedade em todo mundo, mas a impulsividade
influencia muito a forma como cada um de nós lida com isso. Ela
geralmente faz os menos impulsivos quererem começar logo o projeto em
questão. Já para os mais impulsivos pode ocorrer o oposto e eles acabam
caindo na procrastinação.
“Os impulsivos tentam evitar temporariamente uma tarefa que gera ansiedade ou tirá-la da consciência, uma tática que é absolutamente perfeita, se você pensar no curto prazo. Além disso, a impulsividade faz com que os proteladores sejam desorganizados e distraídos ou (…) os faz sofrer de pouco controle sobre os impulsos, falta de persistência, falta de disciplina no trabalho, incapacidade de gerenciar bem o tempo e incapacidade de trabalhar metodicamente. Em outras palavras, acham difícil planejar seu trabalho antes da hora, e mesmo depois que começam, se distraem facilmente.”
O otimismo excessivo é outro fator que ajuda a
atrapalhar sua vida. Ele pode levar à “falácia do planejamento”, que é
quando as pessoas calculam mal o tempo que levarão para executar uma
tarefa – e, assim, atrasam o seu início. É como quando você diz “posso
escrever meu relatório em meia hora, então não preciso começar tão cedo”
e acaba descobrindo, dez minutos antes do prazo acabar, que a coisa é
bem mais demorada do que você imaginou.
E aí, se identificou? Então, agora que você entendeu um pouco melhor
as causas do problema, vamos às dicas para que consiga vencê-lo. Papel e
caneta na mão:
- Determine o que pode dar errado e distraí-lo no caminho para o seu objetivo e tome medidas para evitar essas coisas. Por exemplo, se seu problema for ficar no Facebook, desligue seu smartphone para não receber notificações e nem abra o site até terminar seu trabalho. Ou, se puder, desligue a sua conexão com a internet.
- Faça uma lista das maneiras como você normalmente adia as coisas e pregue-a em seu local de trabalho.
- Admita que você é viciado em atrasos. Faça uma pausa para refletir sobre quantas vezes já adiou os seus planos e entrou numa enrascada por causa disso. Comece a fazer um registro diário para monitorar esse hábito.
- Admita que você vai tentar se enganar de novo, pensando coisas como “vou checar o Facebook antes de terminar meu trabalho, mas vai ser só mais desta vez”. Isso vai acontecer muuuitas vezes, ainda. Tente não se deixar enganar.
- Aceite o fato de que o primeiro atraso permite que você justifique todos os seguintes. Fazendo isso, você vai ter muito menos chance de dar o primeiro passo.
- Tire tempo para reconhecer e recompensar seu progresso. Faça uma lista das recompensas que pode se dar, como comprar aquele game que tanto queria, uma roupa nova ou uma cerveja com os amigos.
- Reserve um tempo para o lazer. Ninguém consegue passar 100% do tempo trabalhando – ter um tempo para fazer as coisas de que se gosta é essencial. Assim, satisfaça suas necessidades antes que elas se tornem intensas demais e o distraiam de seu trabalho. Só saiba equilibrar bem o tempo.
- Ao se confrontar com tentações que o distraiam, concentre-se em aspectos que as façam menos atraentes. Por exemplo, se bateu aquela vontade de comer aquela torta de chocolate, pense nela como uma simples mistura de gordura e açúcar.
- Quando possível, separe bem seu lugar de trabalho e o de lazer – e deixe o espaço de trabalho o mais organizado possível para evitar distrações. Se quiser, decore-o com mensagens ou imagens que façam você se lembrar de seus objetivos e de por que está trabalhando.
- E, o mais importante (é, deixamos o melhor para o final): estabeleça metas precisas, de modo que você saiba exatamente quando terá de atingi-las e o que terá de fazer para isso. Por exemplo, em vez de dizer “Vou fazer meu relatório de despesas”, sua meta precisa ser “Juntar todos os meus recibos, agrupá-los e registrá-los até amanhã, na hora do almoço”. Viu a diferença? Quando o objetivo for complexo, divida-o em pequenas metas de curto prazo que o ajude a chegar lá.
- Estabeleça rotinas e inclua suas metas aí.A rotina é sua amiga e o ajudará a criar bons hábitos, se você se permitir. Assim, abra a sua agenda e marque as tarefas que terá sempre de realizar.
[Vi na SuperInteressante]
0 opiniões:
Postar um comentário