Está a fim de filosofar um pouco hoje? Se estiver, ótimo.
Aqui vão doze paradoxos que prometem deixá-lo pensando por um longo tempo.
Só uma coisa: se estiver com hora marcada para alguma coisa, não discuta um desses problemas com ninguém.
A conversa certamente vai se prolongar e você vai se atrasar.
11. Onipotência
“Deus é capaz de fazer uma pedra tão pesada que nem ele possa
levantar”? Nessa questão reside um paradoxo de discussão interminável. É
muito simples: se ele pode tudo, tem que ser capaz de também fazer essa
pedra. Mas se isso for verdade, ele não é capaz de tudo, porque não
pode levantar a pedra que ele mesmo criou.
10. Grãos de areia
Um grão de areia não poder ser considerado um monte de areia, certo?
Bem, considere a seguinte situação: um milhão de grãos de areia faz um
monte, correto? Agora, esse monte de areia menos um grão continua sendo
um monte, não é? Se tirarmos mais um, ainda assim é um monte, certo?
Então, repetindo essa operação por várias e várias vezes, chegaremos ao
ponto em que haverá apenas um grão de areia, e esse grão de areia será
também um monte. A questão é: quantos grãos de areia fazem um monte?
9. Números interessantes
Imagine um conjunto qualquer de números naturais. Pense neles como
“interessantes” (que tenham alguma característica relevante, como ser o
primeiro número primo, ser o maior do conjunto, o menor, qualquer
característica) e “desinteressantes”.
A premissa é a seguinte: é impossível haver números desinteressantes. Pelo seguinte motivo: suponha que você separa, em um conjunto, os números interessantes dos desinteressantes. Entre os desinteressantes, certamente haverá o menor de todos, o menor dos desinteressantes. Assim, ele tem uma característica relevante, e passa para o grupo dos interessantes. Então, o que era o segundo menor dos desinteressantes passa a ser o menor, portanto, é também relevante, e passa aos interessantes. Assim vai até que não haja mais nada no conjunto dos desinteressantes.
A premissa é a seguinte: é impossível haver números desinteressantes. Pelo seguinte motivo: suponha que você separa, em um conjunto, os números interessantes dos desinteressantes. Entre os desinteressantes, certamente haverá o menor de todos, o menor dos desinteressantes. Assim, ele tem uma característica relevante, e passa para o grupo dos interessantes. Então, o que era o segundo menor dos desinteressantes passa a ser o menor, portanto, é também relevante, e passa aos interessantes. Assim vai até que não haja mais nada no conjunto dos desinteressantes.
8. O paradoxo da flecha
Para um objeto se mover, sua posição no espaço deve mudar, certo?
Pois bem, esse paradoxo do filósofo grego Zeno de Eleia (495 a.C – 430
a.C) diz que os objetos não se movem. Considere um instante como uma
fotografia, cada espaço de tempo é uma fotografia na qual o objeto está
parado. O exemplo usado por Zeno é o de uma flecha voando pelo ar. Se
pudéssemos pegar o máximo de fotografias possíveis durante o movimento,
em todas elas o objeto está parado, ou seja, ele jamais se moveu.
7. Aquiles e a Tartaruga
Mais um paradoxo relacionado aos gregos, e mais uma vez sobre
movimento. Aqui a situação é essa: imagine que o guerreiro Aquiles vai
apostar corrida contra uma tartaruga. Aquiles dá à tartaruga uma
vantagem de 30 metros. O paradoxo diz que Aquiles jamais conseguirá
ultrapassar a tartaruga, pela seguinte razão: Quando Aquiles percorrer
esses 30 metros, a tartaruga terá percorrido, digamos, 3 metros. Assim,
quando Aquiles chegar aos 30 metros, que foi o ponto inicial da
tartaruga, ele terá ainda que percorrer a distância que o separa da
tartaruga para alcançá-la. Quando ele percorrer esses 3 metros
adicionais, no entanto, ela já terá percorrido mais um metro, por
exemplo. Se seguirmos essa lógica, Aquiles nunca poderá ultrapassar a
tartaruga. Porque, sempre que ele chegar ao ponto em que a tartaruga
estava quando ele atingiu o ponto anterior dela, ela já terá andado um
pouquinho mais.
6. O paradoxo da indecisão
O paradoxo original é de autoria, segundo consta, de Aristóteles, mas
foi “oficializado” pelo filósofo Jean Buridan no século XIV. Eis a
história: um burro, quase morrendo de sede e fome, encontra, ao mesmo
tempo, uma tigela de água e um monte de feno. Indeciso, ele fica
ponderando sobre qual a decisão a tomar: se mata primeiro sua sede para
então matar a fome, ou vice versa. Ele morrerá de ambas as coisas antes
que consiga tomar uma decisão final.
5. O enforcamento surpresa
Um homem condenado à forca é sentenciado da seguinte forma: ele será
executado em um dos dias de semana seguinte (um dia de semana), ao
meio-dia, mas será uma surpresa. O juiz afirma que ele não saberá qual o
dia do enforcamento até o instante em que, ao meio-dia, o carrasco
baterá à porta de sua cela. Ao ouvir isso, o condenado começa a
refletir, e chega a uma maravilhosa conclusão: ele não poderá ser
executado! Pelo seguinte motivo: ele começa concluindo que o
enforcamento não pode ser numa sexta. Se ele não acontecer até quinta,
significa que só poderia ser na sexta, ou seja, não será uma surpresa
para ele. Assim, o enforcamento só pode acontecer entre segunda e
quinta. Daí, ele usa o mesmo raciocino: se chegar quarta-feira à noite e
ele não for executado, não poderá mais. Porque sexta é impossível, e
quinta, sabendo disso, não será também uma surpresa. Com quinta-feira
descartada, só lhe restam segunda, terça e quarta, e o mesmo raciocínio é
aplicado, até que o enforcamento não possa acontecer. Confiante, ele
vai para a cela convencido de que não poderá ser enforcado.
Quarta-feira, ao meio-dia, o carrasco bate à porta. Como ele estava
crente que não seria executado, foi uma surpresa: o juiz não mentiu.
4. O barbeiro
Imagine uma pequena cidade aonde há apenas um salão de barbearia. Nem
todos os homens da cidade vão ao barbeiro, assim, a população masculina
da cidade pode ser dividida em dois grupos: os que se barbeiam sozinhos
e os que vão ao barbeiro. Logo, assumimos que o barbeiro faz a barba de
todos os homens que não barbeiam a si mesmos, certo? Mas aí caímos no
seguinte paradoxo: o barbeiro faz ou não faz a sua própria barba? Se não
fizer, ele (como “consumidor”) deve fazer a própria barba, ou seja, ele
faz a sua barba! Mas se ele faz a própria barba, sua pessoa (como
consumidor) entra no grupo dos que não fazem a própria barba (por isso
vão ao barbeiro). Assim, se ele faz a própria barba, ele não faz a
própria barba! Pense, pense…
3. A imortalidade de Zeus
Epimênides (cerca de 600 a.C) assegurava que Zeus era imortal. E afirmava isso com o seguinte poema:
Formaram uma tumba para ti, ó santo e elevado
Os cretenses, sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos!
Mas tu não és morto, tu vives e permaneces para sempre,
Pois em ti vivemos, nos movemos e temos nosso ser.
Os cretenses, sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos!
Mas tu não és morto, tu vives e permaneces para sempre,
Pois em ti vivemos, nos movemos e temos nosso ser.
Ele chamava todos os cretenses de mentirosos. Mas ele próprio também
era cretense. Assim, surge o paradoxo: se todos os cretenses são
mentirosos, ele também é. Mas ele disse que todos são mentirosos. Se ele
também é, isso é uma mentira, então todos são verdadeiros. Mas se todos
são verdadeiros, ele também é (porque é um cretense). Mas ele disse que
todos são mentirosos… e assim continua até você desistir de achar a
solução.
2. O pagamento de Protágoras
O Filósofo Protágoras (492 a.C) estava instruindo um discípulo,
Euatlo, a arte da retórica e argumentação, para falar aos tribunais.
Para comprovar a eficácia dos ensinos de Protágoras, eles fizeram o
seguinte acordo: se Euatlo vencesse seu primeiro caso no tribunal, ele
pagaria o preço do ensino a seu mestre; caso contrário, não pagaria. Aí,
Protágoras fez o seguinte: processou Euatlo pedindo a quantia
estipulada. Protágoras afirmou que ele seria pago de qualquer jeito. É
claro, se Euatlo fosse derrotado no tribunal, teria que pagar a
indenização, mas se vencesse, pagaria o preço de acordo com o trato
feito. Aí, Euatlo replicou, dizendo o contrário: que não poderia pagar
de jeito nenhum. Ora, se vencesse o julgamento, este dizia claramente:
Euatlo não deve pagar Protágoras. Por outro lado, se Protágoras vencesse
o caso, Euatlo não deveria pagá-lo, porque o acordo diz que Euatlo só
precisa pagar seu mestre se vencer no tribunal.
1. O conflito
O que acontece quando uma força irresistível encontra um objeto
irremovível? Não há solução, certo? Pelo menos uma dessas duas coisas
não pode existir. Como um exercício de lógica, esse raciocínio poderia
ser considerado. Do ponto de vista físico, no entanto, é inconcebível.
Por um lado, até mesmo uma força minúscula causa alguma aceleração em um
objeto. Por outro lado, uma força irresistível iria requerer energia
infinita, e isso não existe no universo.
BÔNUS: A finitude do Universo
Esse é para ficar pensando até enjoar. Fala sobre até onde chega a
nossa visão do universo. Compare o espaço sideral (e considere ele como
aquilo que nós vemos ao olhar para o céu à noite) com um campo de
girassóis, por exemplo. Se o final desse campo de girassóis está além da
sua visão, o que você vê? Bem, no começo você consegue ver cada
girassol individualmente, mas à medida que a visão vai se afastando você
passa a ver somente uma massa amarela, não é? Agora pense no universo:
também não existem inúmeras estrelas além da Terra, todas elas emitindo
uma luz branca? Se for assim, porque também não vemos uma massa
completamente branca no céu?
Por isso, foi criada a teoria de que, de qualquer ponto do planeta, a nossa visão vai até a superfície de cada estrela. Assim, o que nós enxergamos ao olhar para o céu é um conjunto de incontáveis visões, cada uma delas indo até a superfície de determinada estrela (se todas elas se prolongassem pelo infinito, não deveríamos ver uma massa branca?). Mas a questão que permanece é: como isso pode ser verdade? Como é possível enxergar cada estrela somente até onde ela começa, e não além disso?
Por isso, foi criada a teoria de que, de qualquer ponto do planeta, a nossa visão vai até a superfície de cada estrela. Assim, o que nós enxergamos ao olhar para o céu é um conjunto de incontáveis visões, cada uma delas indo até a superfície de determinada estrela (se todas elas se prolongassem pelo infinito, não deveríamos ver uma massa branca?). Mas a questão que permanece é: como isso pode ser verdade? Como é possível enxergar cada estrela somente até onde ela começa, e não além disso?
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