7 de dezembro de 2009

Dois cães furiosos e um desesperado entre eles

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Enquanto escrevo este texto, sinto cheiro de sangue de cachorro e ouço a respiração acelerada de dois furiosos animais desejando unicamente a morte um do outro. Tremo depois do acontecido poucos minutos antes de digitar estas palavras.
Eu disse num texto anterior sobre o meu cachorro – Luke Skywalker – pular o muro para dar suas voltas pelas ruas do bairro sem minha permissão. Bom, um dos meus vizinhos tem um cão com o mesmo dom pelas alturas, e igualmente feroz.
Num domingo de dezembro estava eu fazendo aquela limpeza de papeis que jogamos alguns no lixo e outros deixamos para jogar na próxima limpeza, quando ouvi no fundo do quintal sons que parecia briga de cachorros. Mas como se só tenho um cão em casa? perguntei. Corri imediatamente e vi, o Luke e o enorme cão branco do vizinho tentando arrancar o pescoço um do outro. Tentei sem sucesso separar o dois com gritos, um pedaço de madeira e um pouco de desespero.
Sem saber o que fazer, fiquei aliviado quando o cão do vizinho caiu na fossa que estava por causa das chuvas entreaberta, e por sorte dele quase seca, servia apenas para escoar a água da pia que quase nunca era usada por preguiça de não lavar a louça. Tremendo peguei a corrente, amarrei o Luke e coloquei-o dentro de casa, tranquei todas as portas e corri para a casa do vizinho pedir ajuda. Para azar meu, que pretendia andar um pouco à toa à tarde, não tinha ninguém em casa, eu soube que o rapaz fora fazer a prova do ENEM, iria demorar um pouco.
Voltei correndo, lembrei que não tinha trancado uma das janelas receando uma fuga do Luke para o quintal e consequentemente para o outro animal nada amigável. Antes de abrir o portão eu temia que o cão branco estivesse escapado de sua armadilha e poderia estar andando pelo quintal, não a minha espera, mas não queria arriscar. Averiguei. Não tinha perigo. Entrei em casa, tranquei a janela, o cheiro de sangue penetrava todos os cômodos e o Luke arrastava a corrente rosnando pela cozinha, eu percebia enorme vontade dele de se encontrar com o outro para terminar o que começaram.
Eu gostaria apenas que o cão branco saísse da fossa e fosse embora, eu me sentia uma criancinha abandonada, eu é que não ia mexer com o cão branco do vizinho, não estava disposto a levar uma mordida. Em determinado momento achei que ele tinha saído do buraco e estava andando pelo quintal, a sensação de estar ilhado era assustadora, nem Internet eu tinha, meu telefone estava sem crédito e com a bateria descarregada, até a televisão que não era minha, pegava apenas um canal: imagem ruim e programa horrível.
Mas, como todo e qualquer problema, foi resolvido, quase à noite quando o dono do cão branco chegou. Então fui dar minha volta à toa e todos viveram felizes para sempre, alguns com um pouco de sangue no pelo, claro.

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