Burtynsky sempre se interessou nas alterações que o homem fez na paisagem e na Natureza, especialmente com o desenvolvimento das indústrias. Há algo de filosófico em tudo isto. Segundo ele, as principais etapas da evolução humana são medidas pelo uso e exploração dos recursos da Terra pelo homem: a Idade da Pedra, Metal, Carvão, Petróleo, etc.
Em seu trabalho, ele tenta capturar, nos detalhes e contrastes, a dialética do ser humano, que, na busca de um ambiente mais confortável, rápido consome e destrói. Estas imagens de contradição são compreendidas pelo artista como uma metáfora para os tempos pós-modernos. Sua reportagem recente sobre a produção na China é um exemplo deste ponto de vista.
Talvez, todos nós sabíamos - ou, pelo menos, imaginávamos - que seria desta maneira. No entanto, as imagens do fotógrafo revelam não só o detalhe, mas também a extensão da realidade da produção industrial e semi-industrial na China.
Essa produção ocupa uma parte cada vez maior de mercado do mundo: 70% das decorações de Natal, 29% dos aparelhos de televisão, 75% dos brinquedos e, provavelmente, quase 100% das camisas são produzidas na China, por milhões de trabalhadores chineses.
Cada trabalhador é, de certa forma, uma engrenagem nessa máquina enorme da produção, bem oleada. Esta rede humana é espalhada por um território vasto, como um pano de fundo uniforme. Os padrões são repetidos à exaustão, de forma ordenada e doentia.
Não há exceção a essa regra nas cidades, casas, ruas, províncias. Mesmo as cores tornaram-se um padrão. As fotos de Burtynsky revelam isso, mas não são desprovidos de beleza. São reminiscências de algumas das pinturas de Pollock. E aqui, o gesto é tudo.
Fonte: Obvious e Edward Burtynsky
Tradução: Antonio César
Modo de trabalho precário psicologicamente.
O ambiente não é insalubre, mas os operários são considerados somente máquinas.
Após todos os projetos, são os operadores que executam, que fazem acontecer, mas o preço é pago por eles mesmos.
Não são tratados mal, mas simplesmente não são tratados como humanos.
Esse crescimento desenfreado tem seu preço, que nem sempre é só físico.
É, isso é verdade, assim é o mundo globalizado. Na China existe mais escravos que qualquer outro país do mundo, por isso quase tudo que compramos vem de lá, por que é mais barato para produzir. Infelizmente é o preço que pagam pelo modelo introduzido aos mandarins.