16 de novembro de 2009

Um amigo de estimação

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Uma noite eu tentava dormir, mas meu cachorro – que na verdade não é meu, é da família que foi embora cada um para um lugar diferente e sobrei eu para cuidá-lo –, não parava de latir atrapalhando meu sono. Demorei quase meia hora para perceber que tinha trancado o irrequieto animal dentro de casa, nem percebi quando chaveei a porta que ele tinha entrado sorrateiramente para dentro de um dos quartos.

Bom, meu cachorro às vezes “se acha” dono da casa, uma vez ele me olhou como se fosse meu dono. Ainda mais com o nome imponente que tinha recebido: Luke Skywalker. Ora, inverter os papéis não é coisa que um cachorro deve fazer. Mas se bem que acho aceitável para ele. Eu percebi que alguns cães nem podem ser chamados de animas irracionais, são mais inteligentes que muitos homo sapiens que conheço.

Quando não tinha muro em casa, ele que gosta de dar suas voltinhas, pulava a cerca de balaustra e sumia por dois, algumas vezes três dias. Um dos motivos para fazermos o muro foi prendê-lo em casa, suas saídas se convertiam em voltas sujas, mal cheirosas e às vezes mancando por causa de alguma pedrada recebida de alguns homo não tão sapien. Porém, nós em casa, achando que tinha resolvido tal problema, percebemos o Luke usar de sua alta inteligência ao abrir o portão empurrando-o com seu focinho.

Lá vai a gente comprar cadeado. Que resolveu o problema por alguns meses, até ele descobrir, podia pular o muro, tenho até uma foto para provar. Eu tinha brigado com minha mãe por deixá-lo escapar e ela jurou que não tinha feito isso. Arrependi-me ao vê-lo andando sobre o muro. Quem me dera se metade das pessoas com quem interajo usasse metade da inteligência deste cão.

Eu sempre falo que depois que o Luke morrer, nunca mais terei um cachorro, dá muito trabalho, prefiro gatos que sabem se virar sozinhos. Contudo é bom ter um cachorro em casa, ainda mais quando ele te ama mais que aquela menina que morria de paixão por você quando era adolescente e melhor, o Luke odeia com todo o coração de animal irracional (ou racional, sei lá), qualquer pessoa que não seja da família. A não ser dois ou três amigos que ao morarem em minha casa tiveram de conquistá-lo a todo o custo.

Mas quando ele morrer, vou lembrar com um pouco de melancolia minhas irresponsabilidades como dono forçado quando esquecia de colocar água para ele e entrava com toda a sede quando eu abria a porta de casa ao voltar do trabalho dessa forma indo direto ao vaso do banheiro beber água – me dava uma grande tristeza por ele, e uma enorme raiva de mim –, me lembrarei com alegria das divertidas vacinas anuais e dos momentos de brincadeira assustadora que só nós dois sabíamos que era coisa de amigos.

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